sexta-feira, 31 de julho de 2015

De António Carneiro.



Se me dizes
no idioma das àguas
que nascem lá muito longe:

"Vem,
e deita-te a meu lado,
tenho sede
de cinco pétalas."


Eu te digo:
Bebamos pela mesma taça.
É nossa a vinha,
o néctar, a vida a sobrar
da auréola do sangue
ao sono de pálpebras abertas.

De face contra face
de têmpora contra têmpora,
de pulso a pulso,
o silêncio intacto,
perfumado,
o tempo liquido,
sulcado,
os dedos como serpentes.
os anéis dos lábios cingidos,
sôfregos ambos,
ambos do mesmo ventre
e a rosa da noite para abrir.

antónio carneiro



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