à capela, entre Susana Duarte e Luísa Azevedo. A partir de uma deixa, de um pequeno poema inicial, de Susana Duarte, eis o diálogo que se desenrolou entre nós, na ordem em que cada post foi sendo colocado.
Uma honra, como sempre... Luísa Azevedo, aqui vai a minha partilha do nosso "Flores de mar"....
O poema nasceu do dia, nas asas de um cavalo
solto no céu, onde a luz se fez breve sombra
e as asas, escondidas na suave penumbra,
navegaram dias inteiros sobre as flores
de um jardim imaginário, de insetos
polinizadores, onde a chama
das cores do céu
se acenderam
no teu
nome.
é sempre o teu nome,
todas as suas letras
e o ardor nos lábios
quando te digo
que me acende os dedos
muito antes de tocar-te.
Se te toco, sinto o chao
e as flores da madrugada,
num deserto sem cores.
Sem ti....sem teus beijos,
nada.
Nada seduz e nada transparece.
Nada reluz, nada amanhece...
Só amanheço na manhã
do teu sorriso. No amanhã
de uma mágico que caminha
pelas ruas e me oferece
o fado cantado de um destino
prometido.
devolvo promessas
à fonte onde a ilusão encandeia
para não cegar na noite
seguir vendo o brilho dos teus olhos
e neles o brotar das flores.
sei que as pétalas trazem recados.
não as abro!
deixo que caiam
uma a uma
e o nosso fado se já escrevendo pelo chão
sobre o chão e sobre o leito,
se inscrevem amanhãs....
és verdade pressentida
onde se arrastam alvoradas
que estendo sobre mim;
nesse manto alado de ar,
respiro as cores do teu pescoço
e é assim, em alvoroço,
que me revejo no teu olhar.
pulsa-me o sangue de saber-te madrugada à minha espera.
chegarei tarde! reteve-me a lua nos seus braços,
amante,
nocturna
e oculta.
chegarei de olhos cansados,
corpo fatigado
e sem vontades.
chegarei de velas rasgadas,
rumo transviado.
preciso abarcar no teu destino
é nele, no destino dos teus braços,
que demorarei o ventre, e saberei
onde existe o sangue de uma alvorada
ardente,
silenciosa
e demorada,
nos olhos onde te amei
em cada beijo, e em cada asa
que, por ti, ganhei.
pois demora teu ventre
onde a vontade é pura
e nada em ti se perde.
demora o ventre nas memórias que balanço nos dedos
e, como uma dança, alongarei aos braços.
o nosso corpo é árvore
onde cada fruto será uma gota matinal de orvalho.
orvalharei o teu rosto com o suor dos meus braços,
transformando-te numa árvore de vida, num mar de sarçaços
e num olhar azul que me completa as marés
em ti me faço mar,
serei... seremos
talvez sereias,
teremos escamas,
cauda,
subtis interstícios
onde brilharão cristais próximos do que se chama sal.
teremos escamas como peixes azuis de oceanos
longínquos, onde as flores marinhas voam e
os peixes nadam até à raiz dos meus sonhos.
nos meus sonhos encontro teus olhos salinos,
feitos de cristais hialinos, onde a voz do mar
é apenas a voz do nosso canto, no seio que
se revela encantado, seguro pelo teu olhar.
é na transparência que dois olhar se penetram,
bem fundo! tão fundo que as almas podem mesclar-se,
tingir o interior do ser.
serás azul?
serei violeta?
seremos todas as cores que reflictam a luz sincera das águas
assim viveremos
em breve chegaremos ao centro de atlântida.
seremos magenta como as framboesas
nascidas no mais profundo do mar,
onde castelos de areia se espraiam
em mim, e eu... no luar.
e voltamos a cair-nos nos braços,
com os corpos lambuzados de amoras silvestres
pois foi da lua que parti, recordas?
queria ter-me para si,
saborear os prazeres terrenos,
saber-te longe, recordas?
dela fugi para voltar a ti.
volta. saberás sempre onde estou.
estarei onde residem as aves, sem asas,
que todavia voam em cada noite
que em mim....amanhece.
Estarei nas vielas onde se ouvem gatos
misteriosos e serenos. volta.
volta de onde estás e és sem mim.
serei a outra asa
para juntas voarmos
até ao amanhecer
e tombarmos no sonho de voltar a ser noite.
serei o miado desassossegado que reconheces
em qualquer viela e incessantemente buscas
até sermos unas uma mais.
e, assim, fundir-nos-emos na origem do mundo.
é lá, no centro de tudo, que as asas se derretem,
pois a fusão das almas não deseja voos. deseja ser.
sejamos então, num (e)terno abraço
Susana Duarte e Luísa Azevedo
O poema nasceu do dia, nas asas de um cavalo
solto no céu, onde a luz se fez breve sombra
e as asas, escondidas na suave penumbra,
navegaram dias inteiros sobre as flores
de um jardim imaginário, de insetos
polinizadores, onde a chama
das cores do céu
se acenderam
no teu
nome.
é sempre o teu nome,
todas as suas letras
e o ardor nos lábios
quando te digo
que me acende os dedos
muito antes de tocar-te.
Se te toco, sinto o chao
e as flores da madrugada,
num deserto sem cores.
Sem ti....sem teus beijos,
nada.
Nada seduz e nada transparece.
Nada reluz, nada amanhece...
Só amanheço na manhã
do teu sorriso. No amanhã
de uma mágico que caminha
pelas ruas e me oferece
o fado cantado de um destino
prometido.
devolvo promessas
à fonte onde a ilusão encandeia
para não cegar na noite
seguir vendo o brilho dos teus olhos
e neles o brotar das flores.
sei que as pétalas trazem recados.
não as abro!
deixo que caiam
uma a uma
e o nosso fado se já escrevendo pelo chão
sobre o chão e sobre o leito,
se inscrevem amanhãs....
és verdade pressentida
onde se arrastam alvoradas
que estendo sobre mim;
nesse manto alado de ar,
respiro as cores do teu pescoço
e é assim, em alvoroço,
que me revejo no teu olhar.
pulsa-me o sangue de saber-te madrugada à minha espera.
chegarei tarde! reteve-me a lua nos seus braços,
amante,
nocturna
e oculta.
chegarei de olhos cansados,
corpo fatigado
e sem vontades.
chegarei de velas rasgadas,
rumo transviado.
preciso abarcar no teu destino
é nele, no destino dos teus braços,
que demorarei o ventre, e saberei
onde existe o sangue de uma alvorada
ardente,
silenciosa
e demorada,
nos olhos onde te amei
em cada beijo, e em cada asa
que, por ti, ganhei.
pois demora teu ventre
onde a vontade é pura
e nada em ti se perde.
demora o ventre nas memórias que balanço nos dedos
e, como uma dança, alongarei aos braços.
o nosso corpo é árvore
onde cada fruto será uma gota matinal de orvalho.
orvalharei o teu rosto com o suor dos meus braços,
transformando-te numa árvore de vida, num mar de sarçaços
e num olhar azul que me completa as marés
em ti me faço mar,
serei... seremos
talvez sereias,
teremos escamas,
cauda,
subtis interstícios
onde brilharão cristais próximos do que se chama sal.
teremos escamas como peixes azuis de oceanos
longínquos, onde as flores marinhas voam e
os peixes nadam até à raiz dos meus sonhos.
nos meus sonhos encontro teus olhos salinos,
feitos de cristais hialinos, onde a voz do mar
é apenas a voz do nosso canto, no seio que
se revela encantado, seguro pelo teu olhar.
é na transparência que dois olhar se penetram,
bem fundo! tão fundo que as almas podem mesclar-se,
tingir o interior do ser.
serás azul?
serei violeta?
seremos todas as cores que reflictam a luz sincera das águas
assim viveremos
em breve chegaremos ao centro de atlântida.
seremos magenta como as framboesas
nascidas no mais profundo do mar,
onde castelos de areia se espraiam
em mim, e eu... no luar.
e voltamos a cair-nos nos braços,
com os corpos lambuzados de amoras silvestres
pois foi da lua que parti, recordas?
queria ter-me para si,
saborear os prazeres terrenos,
saber-te longe, recordas?
dela fugi para voltar a ti.
volta. saberás sempre onde estou.
estarei onde residem as aves, sem asas,
que todavia voam em cada noite
que em mim....amanhece.
Estarei nas vielas onde se ouvem gatos
misteriosos e serenos. volta.
volta de onde estás e és sem mim.
serei a outra asa
para juntas voarmos
até ao amanhecer
e tombarmos no sonho de voltar a ser noite.
serei o miado desassossegado que reconheces
em qualquer viela e incessantemente buscas
até sermos unas uma mais.
e, assim, fundir-nos-emos na origem do mundo.
é lá, no centro de tudo, que as asas se derretem,
pois a fusão das almas não deseja voos. deseja ser.
sejamos então, num (e)terno abraço
Susana Duarte e Luísa Azevedo
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