segunda-feira, 11 de abril de 2011

PLÚMULA

Deixarias que dormisse nesse pequeno recanto
onde a noite brilha no sossego de uma guitarra?

...Deixarias que a noite quieta se instalasse no canto
da noturna asa onde me escondo agora… calada
pela fulva pena com que escrevo palavras no vento?

Teu rosto, é doce tormento na doçura que escorrega
pelas asas do teu voo. Meu silêncio é o teu lamento.
Grifo-enigma que sobrevoa o deserto que nos segrega.

É implume o amor? Veste branca em noite azul-cetim?
Vestes reconciliadas de um voo que rema no lago de damas
de lendas, estórias vividas por homens-mulheres-por ti-e por mim…

Tectriz ou tristeza… choras a lágrima azul do viver-não estar?
Silêncio triangular de um rosto furtado ao sonho de uma cítara
que move as nuvens e as afasta de mim? Há cirros a pairar.

Nuvens de grande altitude que viajam na alegre vivência de mim?

Gaia. Gaia- mãe e Eu em Ti. Interdito. Entre-ditos. Entre-dedos.
Entre Ti-e- Mim. Entre-luas. Entre-ruas. Entre-nós. Entre-penas.

Plúmulas são momentos pacientes no calor de uma plumagem.
Nuvens altas de algodão que se escondem na aragem. Noite quente
de ave ausente, de si própria reprovada, terna noite só sonhada onde
a ave lança voo nesta noite de cetim… Volante e impressiva digital,
penosa paragem, coroa que orna os olhos e ilumina o momento mudo
remanescente de um momento plenário de flores nas estrelas. Rosa.

Rosa-pessegueira-navegante-de chá bebido-em poema feito prosa.

(Susana Duarte)See more

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