sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

 
 
 
suspendi o tempo na noite de uma palavra


(talvez seja tempo de a palavra se desequilibrar)


da corda estendida na noite do tempo, recolho
a sequiosa gota de luar. invento. invento tempos

de noites
de gotas
de olhos
de acordes
de horas
de ventos
de céus ocultos.

desoculto a noite da palavra e o tempo cai


suspensa das árvores de gotas caídas,

caio também


sou das árvores noturnas e dos seios das horas brancas


e nas noites das palavras invento o mundo do canto


estendes uma ponte onde a noite cai serena no tempo-
-fantasma


estrela de pontas ocultas no fio de um gume
esticado na soturna e silenciosa escuridão da árvore
onde crescem hibiscos velhos e laranjas dormem

Susana Duarte

1 comentário:

  1. Cheguei aqui através do blog Poesia Portuguesa e em boa hora o fiz. A comunhão com as palavras encantou-me.

    Bj

    ResponderEliminar

 suspensa nas tuas palavras, pétala descaída de uma flor iníqua, resta-me a memória. és, foste, terias sido,  o parto feroz, a corrente avas...