sábado, 17 de maio de 2014

Poema de Otília Martel



A ti me dou, em forma de palavras

Para que nos teus sentires, despertes os meus

E nessa paixão que nos enlaça

Um poema satisfazemos.


Um poema…







O dia morre… e, a terra, escurecendo

diz ao céu que vele o nosso dormir,

e nossos olhos docemente, adormecem a sorrir…


As estrelas começam a luzir

com a luz hesitante e mal segura

que pronuncia a noite que há-de vir…


É a voz do silêncio a murmurar

em palavras de sonho à natureza

as vozes dos anjos a balbuciar


E tudo dorme, tudo sonha docemente

Numa tranquilidade indefinida

a alma, o corpo, sonha… calmamente


Vem muito longe a luz da madrugada,

e as estrelas, como visões deslumbrantes

são pontos distantes na noite sossegada…





É noite… nada vibra…nada fala…

Tudo mergulha num sonho vago e mudo…

E a solidão desprende-se de tudo

Qual bálsamo subtil que a noite exala…


Silêncio…estou sozinha…eu me desnudo

Manifestando a dor, sem disfarçá-la…

E por adormecê-la e suavizá-la,

A noite envolve a terra, qual veludo!


Eu não quero quebrar esta magia!

Silêncio…a noite morre…é quase dia…

E eu, não sei quem sou, nem onde vou.


Nada murmura…nada…tudo dorme…

A noite é para mim deserto enorme,

Aonde meu destino me atirou!

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