nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
A Aldeia (II)
( foto cuja autoria,sinceramente,desconheço e que me chegou via e-mail)
Na aldeia, corria-se à solta nos campos.
Subia-se às árvores ( era lá que se liam os livros que chegavam às mãos; era lá que se comiam os gelados comprados na pequenina loja dos avós; era lá que se olhava para baixo...e era de lá que se olhava o mundo) e saltava-se com passos largos sobre o pequeno ribeiro onde, mal o sol se levantava quente, os pés deixavam as marcas pequenas de crianças alegres.
Na Páscoa, andava-se de casa em casa. Religiosamente. Ou melhor...com um prazer "obrigatório", porque se beijava a Cruz aqui, ali, acolá, andando sempre à frente do Senhor Prior, que marcava o compasso a um ritmo lento: o ritmo da aldeia.
A passo rápido, nós. De casa em casa, de bolo em bolo, lá íamos alegres,correndo e cantando, mas comungando sempre do espírito sagrado do ritual.
A aldeia tinha uma quinta, a Quinta senhorial onde outrora eram Senhores os Albuquerques". A casa tinha uma mansão onde explorar recantos, imaginando a vida de quem lá vivera. E tinha um miradouro que, de tão longe que estava, só se visitava em longas tarde de verão, subindo a rua das flores vermelhas ( camélias?).
A aldeia, hoje,continua pequenina.
Mas tem nomes de rua.
Tem gentes que apenas ficaram na memória da gente.
Tem histórias que os mais novitos só ouvem contar.
E tem Alma.Tem dentro a Alma de quem a ama.
Tem dentro a energia de quem nela pensa.
Ainda que a velha ameixoeira tenha caído...continuo a subir a ela para ler.
Ainda que os velhos avós se tenham despedido da sua vida terrena, continuo a sorri para eles e a amá-los com a saudade imensa que se tem de quem nunca devia partir.
Ainda que a escola tenha outra Professora, continuo a dizer a tabuada na pequena sala e a plantar sementes no quintal.
Ainda que eu seja diferente...ainda que já não tenha casas para calcorrear na Páscoa...A Aldeia será sempre, para sempre, a minha Aldeia.
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Susana, a resposta que dei ao teu comentario no "namorado", aplica-se aqui tambem. Tenho de voltar aqui com mais calma. Por agora digo-te apenas boa noite, com um beijo de amizade.
ResponderEliminarOi Susana, denada, mais nao resolveu o problema nao, na epoca quebrei a cabeça por causa disso, vou esplicar como vc vai mudar...
ResponderEliminarvai em algum blog que tem a fotinha do seu blog nos seguidores, na janelinha dos seguidores, embaixo tem escrito "MENBROS" clica nele e faça login na sua conta, na mesma janelinha vai estar escrito "OPÇOES" clica em "definiçoes do site" e clica em "adicionar links" e coloca o link e o nome do seu blo!
ufa espero que tenha te ajudado, abraços!
Como é bonito o amor à nossa terra! E disseste-o de um modo bucólico, com a simplicidade de quem guardou dentro de si, aquela criança que subia à ameixoeira, só para ler e ver o mundo. Um beijo cheio de carinho Graça
ResponderEliminarSusana,
ResponderEliminarneste video podes matar saudades da tua aldeia, com o tal "lavadouro" de que falamos outro dia, entre outras coisas.
Beijos
http://www.youtube.com/watch?v=paYGXQfDWmk