nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
De e para sempre...Neruda.
O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
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"Meu amor, nos momentos
ResponderEliminarmais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca."
Bom dia Susana
Este balsamo que aqui apresentas em forma de poema, é das coisas mais bonitas que os meus olhos ja leram.
Obrigado
Um beijo para ti
Francisco
Olá, Susana!!
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelo generoso comentário!
Também gostei muito de conhecer o "Terra de Encanto".
Volte sempre à Casa Claridade. É muito bem-vinda!
Beijos mágicos!
Terra de Encanto:hoje estou um pouco em baixo. Adoro este poema, porque, como muitos de PABLO NERUDA, ele é um hino à vida e ao consenso.RIR É SAÚDE,NA ARTE DE VIVER O DIA A DIA...EU DEVIA ,HOJE,SER CAPAZ DE RIR...
ResponderEliminarBEIJINHOS DE LUSIBERO
Adoro este poema...obrigado por partilhares e por me fazeres "tirar o pó" a algumas recordações.
ResponderEliminar:)