terça-feira, 15 de março de 2011

URÂNIA

Crisálida em flor numa manhã flutuante
..navegante dos rios dos rios onde se inventa
a luz rubicunda que se alimenta do instante;
o momento e o saber da eternidade fecunda,
no instante que se alimenta da luz rubicunda…

…e és Borboleta. Urânia brilhante, leve, divagas
na Aurora de uma noite anterior onde te sabes Luz,
Foste marinheiro de teus olhos em mim; paravas
a noite se a Noite fosse tua, para quebrares um feitiço
que da noite, te fez dia… e do dia, fez um esquisso…

Um esquisso é um traçado do que pode ainda ser…
um canto… um projeto… melodia do amanhã incerto
que em cada estuário de encontro, no rubro entardecer
quebra a lua do desenho onde inscreves o poema-maresia,
fluxo-refluxo de um Oceano em ti. Olhos- romã. Poesia.


...e és o meu Ontem, o meu Hoje e o Amanhã. Beijo
de ave, rosa de romã. És os tempos dos tempos de um dia
remoto, em que fui lua, falena, tempestade e maremoto;

…em ti, que me deixaste ser tudo, serei o riso que o sol
deixou; a borboleta que nasceu da crisálida; o mundo
que és, o mundo que sou. E em lenta albufeira de repouso




da areia….



encosta as tuas asas…estás na praia onde resides…



Susana Duarte

2 comentários:

  1. porque será que aprecio tanto o teu escreVIVER, especialmente: "manhãs flutuantes...
    ..navegante dos rios dos rios
    onde se inventa
    a luz rubicunda que se alimenta do instante;
    o momento e o saber da eternidade fecunda,
    no instante que se alimenta da luz rubicunda…"

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  2. Um poema com as cores da primavera, onde a crisálida está quase a transformar-se em borboleta
    e a ser luz por cima ds flores, projecto do amanhã incerto e estuário de encontro no rubro entardecer...
    Susanita...que dizer? Maravilhoso!!!
    Mil beijos
    Graça

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