Ocultas sob as pedras, eis as eiras do caminho.
Cada passo desoculta a noite do abismo.
Cada passo é um ramo de alecrim
que destapa o vinho,
telurismo
de ti
em
mim.
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Poema de Edward Estlin Cummings
Chamar a Si Todo o Céu com um Sorriso
que o meu coração esteja sempre aberto às pequenas
aves que são os segredos da vida
o que quer que cantem é melhor do que conhecer
e se os homens não as ouvem estão velhos
que o meu pensamento caminhe pelo faminto
e destemido e sedento e servil
e mesmo que seja domingo que eu me engane
pois sempre que os homens têm razão não são jovens
e que eu não faça nada de útil
e te ame muito mais do que verdadeiramente
nunca houve ninguém tão louco que não conseguisse
chamar a si todo o céu com um sorriso
E. E. Cummings, in "livrodepoemas"
Tradução de Cecília Rego Pinheiro
que o meu coração esteja sempre aberto às pequenas
aves que são os segredos da vida
o que quer que cantem é melhor do que conhecer
e se os homens não as ouvem estão velhos
que o meu pensamento caminhe pelo faminto
e destemido e sedento e servil
e mesmo que seja domingo que eu me engane
pois sempre que os homens têm razão não são jovens
e que eu não faça nada de útil
e te ame muito mais do que verdadeiramente
nunca houve ninguém tão louco que não conseguisse
chamar a si todo o céu com um sorriso
E. E. Cummings, in "livrodepoemas"
Tradução de Cecília Rego Pinheiro
domingo, 22 de maio de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
NUVENS-FLORES
Nuvens - flores, brancas, na doce e leve saudade...
céu azul onde o riso levanta a voz e a sonora inscrição da ausência.
Sabor branco de leveza e de branca intensidade,
prolongada em fios brancos que se derretem no cimo da inocência...
e as palavras habitaram tardes de eternas laranjeiras...
e a menina escrevia palavras perfumadas de floreiras....
onde pontificam, gloriosos, dedos de flor em riste
e dedaleiras de um sonho pintado...sons que tu ouviste.
Atendendo à voz branca de uma menina, que escreveste
numa praia, deserta, branca, de um litoral estranho a ti.
Longínqua.
Tardes de nuvens praieiras. Onde mora a minha voz.
Susana Duarte (poema e foto)
quinta-feira, 19 de maio de 2011
CAMINHO
Abandonei-me ao sol.ave-do-paraíso de teus olhos
e, numa música feita de caramelos e fios de seda...
...abandonei-me à boca.luz.corpo.vontade
de ser ave.sede.ternura. onde se demora
……………a vida e acaba a procura……………..
Rendi-me nos dias.noites de eternas.praias
onde se escondem algas marinhas.peixes azuis.
... e o horizonte.caminho.infindo falou
do dia de memórias.infantis de laranjeiras
baixas e flores.brancas.silvestres que deixam recados
de meninas sonhadoras e ternos namorados
perdidos no milho.semeados nas eiras
onde se entregam a beijos e deixam brincadeiras
no caminho de onde vêm. Construindo futuros
e semeando passos despidos nos campos.fertilidade
risonha de rituais.antigos.crescidos em luas feiticeiras.
Susana Duarte
(poema e foto)
sábado, 14 de maio de 2011
CÍTARA
A cítara que te toca no momento do Poema,
é a mágica-contenda-eterna do lexema e do grafema
que, em noite enluarada de pelejas de palavras e emoções,
se estende sobre ti, sobre a pele, sobre as mãos, os corações
e as notas...as notas cantadas em séculos de estórias de amores.
Desamores. Encantamentos. Tristão e Isolda...numa pena que aflora a cítara.
Talvez, desta vez, a pena se demore num tom. Tom de tom, de tom de flor escrita,
de flor falada, no alto de um monte, no decurso de uma estrada, via de asas, sons de passos eternos, misteriosos e ternos, doces citaredos iluminadores... de momentos. Presságios. Sinais de imensos mares em nós. Sós?
A Cítara é um amor-perfeito de cores e imaginação. Ebulição
de um sentimento, na escrita de uma tisana que acalma,
e descreve um círculo no âmago de uma estrada.
Caminho que percorre, numa nota perdida.
Via que descreve, numa música esquecida.
Olhares que se encontram num cruzamento.
Mãos que se afloram. Efervescência de uma lira
Susana Duarte
A cítara que te toca no momento do Poema,
é a mágica-contenda-eterna do lexema e do grafema
que, em noite enluarada de pelejas de palavras e emoções,
se estende sobre ti, sobre a pele, sobre as mãos, os corações
e as notas...as notas cantadas em séculos de estórias de amores.
Desamores. Encantamentos. Tristão e Isolda...numa pena que aflora a cítara.
Talvez, desta vez, a pena se demore num tom. Tom de tom, de tom de flor escrita,
de flor falada, no alto de um monte, no decurso de uma estrada, via de asas, sons de passos eternos, misteriosos e ternos, doces citaredos iluminadores... de momentos. Presságios. Sinais de imensos mares em nós. Sós?
A Cítara é um amor-perfeito de cores e imaginação. Ebulição
de um sentimento, na escrita de uma tisana que acalma,
e descreve um círculo no âmago de uma estrada.
Caminho que percorre, numa nota perdida.
Via que descreve, numa música esquecida.
Olhares que se encontram num cruzamento.
Mãos que se afloram. Efervescência de uma lira
Susana Duarte
MARÉ
Escrevo-te o Poema da Canção que és.
Palavras de um Poemário que inscrevi nas marés.
Onda viva de um itinerário que descubro no sol intenso,
pura Luz de um momento que, de vida, se fez maremoto
e, vivo, de noites em que a estória se adensou, enrubesce de Poemas.
Descubro-te no sorriso, e no olhar que inscreves nas veias de um terremoto
...................na mão........................
.................de uma praia..........................
.............onda que em mim habita..................
Música que aplaudes. Sinfonia de um toque.......... onde a maré não te derruba.
(Susana Duarte)
segunda-feira, 9 de maio de 2011
CIRROS
Cirros são rododendros brancos, de neve nos jardins,
floridas margens de nuvem, nuvem que passa no céu
e, em dia de azul eterno, se declina nos meus sonhos.
As nuvens são torácicas, se brancas e passageiras.
Vida de água, em vida espalhada pelo espaço celeste.
Viajantes de caminhos alados que não posso alcançar.
Cúmulos são afetos de algodão e humidade, envoltos
na superfície de uma grande ambiguidade… ora brancos,
flutuantes…ora escuros e distantes. Lua branca sobre nós.
As nuvens são momentos suspensos da respiração,
quando a vida surpreende e os obstáculos se interpõem.
Densidade de filamentos que impedem a compreensão.
Nefelibata. Nebulosa que se ergue no poeta em confissão.
Susana Duarte
quinta-feira, 5 de maio de 2011
ALINEGRO
Há um caminho oculto sob as pedras
levantadas do chão com esporas
que, iluminadas de fogo-ar,
queimam o sol das ervas.
Sob o arco do espanto,
arco iluminado de voz e canto,
entendes os signos e os sinais
multiplicados pelos ventos do afecto.
Sob as unhas guardo a pele
que tirei aos sonhos em dia de sol
e, numa noite sem fim, amei
cantando o verso solto que sai de mim.
Escorre água sobre as pedras
que, lisas, escorregam em si sonhos
de paz. Seixos brilhantes
sob a luz que ilumina as asas.
Pedras luminosas que escorrem luz.
Luz nascente de jasmins em flor.
Flor do canto do espanto do sonho.
Sonho do caminho dos passos que dou.
Dou. Espero. Sonho. Exijo. Quero.
Quero o caminho aberto sob as pedras,
Levantadas do chão com a leveza
da estrada solta sob os meus pés.
Há azul no meu chão. Há azul no meu céu.
Há azul intenso a clarear o breu.
A noite cessa e, logo, a manhã dealba.
Talvez, hoje, o real seja meu.
(até lá, vou procurar as asas.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
PAUTA
Pentagrama de linhas horizontais
onde se inscreve a sonoridade
da ausência,
de um olhar - ambivalência
que se lê nos vitrais
de uma antiga saudade
onde moras tu, na aderência
da pele e dos ossos que avivam
a vontade de ser.
Susana Duarte
terça-feira, 3 de maio de 2011
Peixe-azul
Peixe azul-vivente-calmaria-em onda rasa...
Peixe de vida nascida na maré de uma brasa.
É onde a tília escondia, encostada na tua vida,
a nascida calmaria de uma insuspeita maravilha
....onde a feiticeira, prisioneira de um olhar....
voluntariamente
...se deixou, eternamente, naufragar...
Susana Duarte
domingo, 1 de maio de 2011
Pas de deux
Dança, comigo, o pas de deux que a vida inscreveu em ti,
que a vida inscreveu em mim, que o adagio das palavras
anunciou na madrugada e o azul do mar elevou em nós.
Dança, comigo, o pas de deux que a ambrósia iluminou
numa dança de vontades, sob o perfume de uma magnólia
magnificente que os teus olhos atravessam de lua e brilho.
Dança.Dança, comigo, o pas de deux inscrito em nós.
Susana Duarte
que a vida inscreveu em mim, que o adagio das palavras
anunciou na madrugada e o azul do mar elevou em nós.
Dança, comigo, o pas de deux que a ambrósia iluminou
numa dança de vontades, sob o perfume de uma magnólia
magnificente que os teus olhos atravessam de lua e brilho.
Dança.Dança, comigo, o pas de deux inscrito em nós.
Susana Duarte
ESPELHO
Escrevi, num espelho, um diário de flores
e neve. No temporal da memória, ascendi
a cores de um céu derramado na álea de
tílias, onde repousei as encostas deste rio,
que sucumbe ao olhar eterno de uma flor
descamada de peixes azuis que voam na
superfície de um mar imenso. Noite que se
anuncia e nome que se pronuncia, onde as
estrelas que chovem sorrisos, empurram
lágrimas para dentro dos risos, que aprendi
a dizer. Nome inscrito no espelho, que fala
de mim. Espelho que me devolve o riso, a
cor, o sorriso, o suave toque de um rosto
...............carmim, onde moras........
Susana Duarte
e neve. No temporal da memória, ascendi
a cores de um céu derramado na álea de
tílias, onde repousei as encostas deste rio,
que sucumbe ao olhar eterno de uma flor
descamada de peixes azuis que voam na
superfície de um mar imenso. Noite que se
anuncia e nome que se pronuncia, onde as
estrelas que chovem sorrisos, empurram
lágrimas para dentro dos risos, que aprendi
a dizer. Nome inscrito no espelho, que fala
de mim. Espelho que me devolve o riso, a
cor, o sorriso, o suave toque de um rosto
...............carmim, onde moras........
Susana Duarte
ARABESQUE
Vou desenhar um arabesco no cabelo de uma flor. Um bailado
de uma noite em teu olhar e teu calor. Uma dança, uma maré
de estrelas inauguradas numa praia de algas verdes, dançadas
por ti. Dançadas por mim. Dançadas na chuva estival de uma
noite de Perseidas. Talvez seja fruto alado, a estrela que
te guia. O candeio que te alumia, e a ave que te percorre.
Em teu sangue, nada morre. Em tua veia, de serena alegria,
a dádiva da gota de água, que o Silêncio desenha na estrada…
onde sei da Alegria, e faço o percurso, e corro no mar, e ando
numa nuvem, e deixo de remar, e sei que cheguei, e sei onde estás,
e transformo o arabesco numa nuvem de eternidade, desenhada
numa flor, onde vives, sem idade e sem morada, sem deserto,
sem ter nada, senão a absoluta cumplicidade de um olhar
onde uma gruta foi escavada pelo vento que eu era. Era…
Semeei a espera que é dádiva e é dança. Um ornato numa
esteira que é fio e contradança. Florear a letra, na imagem
onde uma bailarina rodopia, numa Coda, final de uma
bela coreografia. Em teu nome, danço flores.
Susana Duarte
de uma noite em teu olhar e teu calor. Uma dança, uma maré
de estrelas inauguradas numa praia de algas verdes, dançadas
por ti. Dançadas por mim. Dançadas na chuva estival de uma
noite de Perseidas. Talvez seja fruto alado, a estrela que
te guia. O candeio que te alumia, e a ave que te percorre.
Em teu sangue, nada morre. Em tua veia, de serena alegria,
a dádiva da gota de água, que o Silêncio desenha na estrada…
onde sei da Alegria, e faço o percurso, e corro no mar, e ando
numa nuvem, e deixo de remar, e sei que cheguei, e sei onde estás,
e transformo o arabesco numa nuvem de eternidade, desenhada
numa flor, onde vives, sem idade e sem morada, sem deserto,
sem ter nada, senão a absoluta cumplicidade de um olhar
onde uma gruta foi escavada pelo vento que eu era. Era…
Semeei a espera que é dádiva e é dança. Um ornato numa
esteira que é fio e contradança. Florear a letra, na imagem
onde uma bailarina rodopia, numa Coda, final de uma
bela coreografia. Em teu nome, danço flores.
Susana Duarte
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