domingo, 1 de maio de 2011

ARABESQUE

Vou desenhar um arabesco no cabelo de uma flor. Um bailado
de uma noite em teu olhar e teu calor. Uma dança, uma maré
de estrelas inauguradas numa praia de algas verdes, dançadas
por ti. Dançadas por mim. Dançadas na chuva estival de uma
noite de Perseidas. Talvez seja fruto alado, a estrela que
te guia. O candeio que te alumia, e a ave que te percorre.
Em teu sangue, nada morre. Em tua veia, de serena alegria,
a dádiva da gota de água, que o Silêncio desenha na estrada…
onde sei da Alegria, e faço o percurso, e corro no mar, e ando
numa nuvem, e deixo de remar, e sei que cheguei, e sei onde estás,
e transformo o arabesco numa nuvem de eternidade, desenhada
numa flor, onde vives, sem idade e sem morada, sem deserto,
sem ter nada, senão a absoluta cumplicidade de um olhar
onde uma gruta foi escavada pelo vento que eu era. Era…
Semeei a espera que é dádiva e é dança. Um ornato numa
esteira que é fio e contradança. Florear a letra, na imagem
onde uma bailarina rodopia, numa Coda, final de uma
bela coreografia. Em teu nome, danço flores.


Susana Duarte

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