olhei para trás, para onde o horizonte se me desfez,
e nada mais vi do que as noites de outrora. prometeste
que voltavas. mas as noites de outrora ficaram teimosamente quietas,
onde deixei de ver enrubescer as maçãs da madrugada.
olhei para trás, insana, perdida de mim, depois que me perdi de ti.
insana. perdida no troar incolor da tua voz. foste
para onde se abre o chão sob os pés doentes.
olhei para trás, vazia, e nada mais vi do que as doces
esperas de dias que foram. partiste. não olhaste para trás.
fiquei ali, mulher suspensa
na imensidão das folhas fendidas. não olhaste
para trás. foste para onde o ar
se me desfaz, névoa de manhãs de setembro, mosto
de todos os meses, uvas da minha vontade, ébria de sonho.
olhei para trás. tu não voltaste.
Susana Duarte
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