segunda-feira, 17 de março de 2014

Poema decadente

poema:
lexema 
desenhado nas costas das mãos;

costas 
no ventre,
enfrentando a solidão.

poema:
mulher escrita no chão.

vento norte.

mulher-poema:
ventre-eterna solidão.

poema escrito nos olhos,
sopro de vida nos dedos,
manhã de agosto

a contragosto

antecâmara do desgosto.

não existes, aí, para onde foste,
ainda que creias ter reescrito 

o poema 
dos teus dias.

sonhaste.
mais depressa fugirias.
fantasma lúgubre dos meus dias.

tu, que não voltas:
poema decadente nas mãos da mulher
escrita no ventre.

Susana Duarte




1 comentário:

  1. Lindo "POEMA DECADENTE"!

    A decadência do SER! ...que escapa, fugidio como serpente viscosa...

    Beijinho, filha!

    ResponderEliminar

 irrequieta perante o desconforto das lágrimas (talvez quieta quando me abraças, inquieta quando me percorres com os dedos  e me abres camin...