sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

nascerão, um dia, aves, nas margens serenas dos lábios.

não nascem poemas, nas terras
submersas pelo vento das águas fundas
da noite. não nascem lexemas graves, das imediações
do peito, quando o peito é prado de papoilas
verdes. nascerão, um dia, aves, nas
margens serenas dos lábios.
não nascem poemas,
se das águas dos lábios florescem
apenas sombras. nascerão, porventura,
de um leito de suaves flores azuis, voadoras,
miosótis dos nossos dedos. nascerão, qual onda esmeralda,
se dos dedos surgirem luas, e anéis de luz,
e corais, e pétalas navegadas
pelas doces margens do
coração. voa,
sobre as palavras,
a borboleta nascida dos prados.
voa, sobre o poema por nascer, a luz
ténue das manhãs em que somos névoas,
gotas de humidade breve sobre as folhas, pétalas
luzentes sobre os dedos de todos os segredos.

Susana Duarte

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