os olhos da noite, povoados por fantasmas
de desejos por concretizar, habitam silêncios,
e teias, e telhas -vazias- de casas inertes.
concretiza-se o dealbar da barca da aurora,
entregue a mercadores de ossos vazios
de sonho, cheios do pó que vertes
sobre os joelhos mansos das horas tardias.
nada sabes, dos olhos da noite, mas é neles
que repousas escolhas brandas e dia frios
e palavras ocas, e distâncias, e as ausências
com que feres os dedos ténues da água
onde, todavia, afundas os olhos, loucos
de solidão e de medo, os teus.
antes os interstícios da pele, e as sombras
que, nos intervalos dos corpos, se desenham.
antes os olhos da noite, povoados
pelas mãos, e pelos segredos ciciados.
os meus.
Susana Duarte