sábado, 5 de julho de 2014

lavrarás o peito onde te florescem as mãos

lavrarás o peito onde te  florescem as mãos
e se dissecam passados reencontrados. 

sob as mãos, lavrarás as novas auroras,  
e os dias da carne que se inscreve no outro, 
e no outro se adensa, refletindo o brilho toado 
das húmidas gotas de orvalho que, antes,
 nos caíram do rosto. lavrarás a terra
semeada nos seios de todas as madrugadas,
e os cabelos onde perdes as mãos e nelas
te reencontras. 

podias escrever sobre o amor, antes de o reencontrares.

 agora, escreves sobre os seios onde aprofundas 
o corpo, na procura da eternidade possível
das manhãs.

na noite, procuras o encontro dos lábios.
é na minha boca, que lavras futuros.



Susana Duarte




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