quando amanhecer, não estarás aqui.
serás só a sombra inóspita dos corpos-
amantes de ontem. quando amanhecer,
serás a névoa que antecede a chuva,
e os trigais ceifados dos meus olhos.
na insólita melodia dos corpos-amantes,
ficas apenas enquanto o sol amadurece
as mãos, e os corpos se digladiam
sob o antecipado adeus. na triste
melancolia do corpo nú, antecedes
a manhã, e as chuvas de maio. quando
amanhecer, o teu corpo será o breve
traço de luz desenhado nos lagos.
quando amanhecer, procurarei por ti.
quando amanhecer, procurarás por mim.
mas teremos já partido para o lugar
onde as águas se movem, e o dia
recomeçará em cada um de nós,
insuspeito, inóspito como o deserto
de estarmos sós. quando amanhecer.
Susana Duarte
Torna-se difícil comentar um poema com tanta carga emocional.
ResponderEliminarO amor vem e torna-nos felizes mas funciona como corrente alternada.
Depois fica um vazio, uma sede e uma insatisfação.
Será isto viver ?
fiz partILHA
ResponderEliminartriste
mas d1 bonito
sentir
Fabuloso. Gosto muito Susana. Muito.....
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