terça-feira, 29 de julho de 2014

os olhos da noite

os olhos da noite, povoados por fantasmas 
de desejos por concretizar, habitam silêncios,
e teias, e telhas -vazias- de casas inertes. 

concretiza-se o dealbar da barca da aurora,
entregue a mercadores de ossos vazios
de sonho, cheios  do pó que vertes

sobre os joelhos mansos das horas tardias.

nada sabes, dos olhos da noite, mas é neles
que repousas escolhas brandas e dia frios
e palavras ocas, e distâncias, e as ausências

com que feres os dedos ténues da água
onde, todavia, afundas os olhos, loucos
de solidão e de medo, os teus.

antes os interstícios da pele, e as sombras
que, nos intervalos dos corpos, se desenham.
antes os olhos da noite, povoados
pelas mãos, e pelos segredos ciciados.

os meus.


Susana Duarte



1 comentário:

 suspensa nas tuas palavras, pétala descaída de uma flor iníqua, resta-me a memória. és, foste, terias sido,  o parto feroz, a corrente avas...